quinta-feira, 9 de junho de 2011

Lições de um treinador



‘’Larissa, você só está começando. Nenhum desses meninos chegou aqui como grandes atletas, mas eles não desistiram em momento algum. Se for isso que você quer, lute e com certeza você será capaz de conseguir’’.

Aquelas palavras me tocaram profundamente. Foi quando percebi que fraca eu seria se desistisse do meu sonho.

 Banho, maiô, mochila, café e treinos. Essa seria a minha nova rotina a partir daquela manhã. Ingressar no clube olímpico de natação era uma conquista para mim e lembrar ela durante o trajeto até o clube era sensacional. Em frações de segundos me vi cara a cara com a piscina olímpica esperando- me para grandes e numerosas conquistas, mas o medo e ansiedade ao mesmo tempo tomavam conta. No período de aquecimento junto aos atletas, todos conhecidos por grandes vitórias na natação competitiva baiana, eu pensava como meu maior desejo era me destacar, ser boa no esporte.

 Eu queria ser uma nadadora que competiria e depois as pessoas se recordariam dos meus esforços. O contrário me frustraria muito. Acordando daqueles pensamentos que martelavam constantemente na minha cabeça, era hora de enfrentar a verdade.

 - Preparar, vai!

Começando as séries de treinamentos, tentei dar o meu melhor a cada braçada, mas era quase impossível acompanhar os outros atletas, eles eram fortes e eu sempre chegava por último avistando assim os outros meninos e meninas me esperando para prosseguir o treino. Alguns com cara de felicidade, pois as minhas custas estavam descansando mais do que o de costume e outros com cara de irritação por eu estar atrapalhando o treino deles.

Por dentro a minha vontade era desaparecer do clube de tanta vergonha, meu desempenho era péssimo. Foi quando o treinador gritou:

 - Larissa, pode sair da piscina!

Um misto de decepção e tristeza veio à tona na hora que o técnico pediu minha retirada da piscina.

 - Você está cansada, por hoje é o suficiente.

Culpei-me, me senti fraca, incapaz. Enquanto todos continuavam suas séries eu tinha saído por não ser capaz de acompanha-los. Lágrimas vieram aos meus olhos e o abraço do meu padrasto foi o meu único consolo. Senti que aquele não era o meu lugar e pelo resto da semana estive ausente nos treinamentos. Inventei tantas doenças no decorrer da semana que valeram pelos meus 19 anos de vida hoje.

Após muita insistência da minha mãe consegui recompor-me e voltar ao clube, ainda morrendo de vergonha, mas com forças para continuar minha trajetória já que nadar era a minha paixão. Encontrar a piscina agora tinha mais valor. Aqueci e entrei para ouvir novamente aquela frase.

 - Preparar, vai!

 Como em um filme, as imagens do primeiro dia de treinos tomaram conta como se eu estivesse tendo um Djavú. Toda culpa, fracasso e vergonha voltavam a me desestimular, mas dessa vez diferente do primeiro dia. Eu iria ouvir um grande ensinamento do meu querido técnico, ensinamento esse que inicio o texto. Com ele aprendi a enfrentar os meus medos e desafios a cada braçada dada e que são nas pancadas da vida que ficamos mais fortes. Eu não desisti e ainda bem que não.


Larissa Baracho

3 comentários:

  1. Muito legal estranha! Mas o que faltava mesmo era o treinador usar o método da imagem desse texto: Você na frente nadando.... e um tubarãozinho atrás.....kkkkk

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